
O presidente do PSD garantiu que não fará uma política do “bota-abaixo” e sim uma “oposição construtiva, mas dura, incisiva e implacável para com as falhas do Governo”. No encerramento no debate do Programa do XXII Governo Constitucional, Rui Rio deixou as suas linhas de orientação para uma legislatura que, na sua opinião, irá enfrentar sérias dificuldades, uma vez que os entendimentos do PS com os partidos à sua esquerda irão obrigar a contrapartidas pesadas. E para ilustrar o complicado cenário que antevê, o social-democrata equiparou a esquerda (não nomeando nenhum partido) a uma “exigente noiva”.
“Não estaremos aqui para destruir, nem para criticar tudo o que os outros possam fazer. A política do bota-abaixo carece de inteligência e é própria de quem não se move pelo interesse público, mas sim pelo seu interesse individual ou partidário”, disse o presidente do PSD, que duvida da execução de algumas alíneas inseridas no programa do Governo. Segundo Rui Rio, será na proposta de Orçamento do Estado que se irão perceber as opções da ação governativa.
“Dificilmente poderemos esperar coisa muito melhor, até porque o que os Orçamentos terão de ter, que este programa não precisa de consagrar, são as exigências que a anunciada noiva fará para aceitar o casamento orçamental. Seja num simples namoro ocasional de apenas um ou dois anos, numa união de facto mais ou menos assumida ou num casamento sólido e duradouro, em qualquer circunstância, o enxoval por que o Governo tanto anseia terá necessariamente de ter como contrapartida a felicidade desta exigente noiva. Uma nubente cara que, seguramente, exigirá do seu companheiro socialista alguma ginástica financeira com o magro rendimento de que dispõe, agora que já não vivemos tempos de grande euforia económica”, comentou Rui Rio.
O líder do PSD também criticou a falta de aposta nas políticas de apoio ao crescimento económica: “A probabilidade de que Portugal possa, de forma relativamente rápida, ter um nível de vida coincidente com a média comunitária, só poderá existir na mesma medida em que existe a probabilidade de se acertar na lotaria do Natal”.
Depois de ter saudado o facto de ter sido reposta a prática de indigitação como primeiro-ministro do líder “do partido mais votado nas legislativas”, Rui Rio afirmou ainda que “os serviços públicos em geral, e a saúde em particular, são as nódoas mais escuras da governação socialista”, e que “as palavras doces que este programa contém chocam com a realidade de 4 negros anos de degradação dos nossos serviços públicos”. Para finalizar a sua intervenção, o Presidente do PSD afirmou que o partido “move-se pelo interesse nacional e que obedeceremos sempre à razão e enfrentaremos sempre a realidade com coragem e verdade. São elas que nos devem nortear na ação política. Seremos, pois, em obediência ao mandato que o povo nos conferiu, uma oposição construtiva, mas dura, incisiva e implacável para com as falhas da governação. Porque é assim que honramos o nosso mandato e que melhor servimos Portugal”.